IMPRENSA

Em memória de Filipe Machado

02/12/2016

Canhoto, com experiência no futebol do exterior, sobretudo Europa e Ásia, foi em um amistoso de futsal no Ginásio Gigantinho, do Sport Club Internacional, que tudo começou para Filipe José Machado. Então atleta do Clube Sarandi, da Zona Norte de Porto Alegre, em um enfrentamento contra o Colorado nas quadras chamou atenção de um treinador das categorias de base alvirrubra.

“Acabou o jogo e me chamaram para fazer teste no Inter. Eu tinha 13 anos e óbvio que aceitei de imediato. Isso era 1997. Mas quando me perguntaram onde eu jogava, disse que não sabia. Sim, falei isso, porque nunca tinha jogado futebol de campo. Daí foram me testando em várias funções, durante cerca de seis meses, até que me fixei de zagueiro, que é minha posição de fato”, recordou.

Bastante técnico e com excelente saída de bola, o jogador costumava ser líder por onde passava. Com personalidade forte e leitura tática acima da média, o atleta nascido em Gravataí/RS era um estudioso do futebol. Inclusive pensando no futuro, numa possível transição. Fã do italiano Paolo Maldini, ex-capitão Azurra e do também defensor André Cruz, que atuou muitos anos no exterior e na Seleção Brasileira, o gaúcho destacava as peculiaridades de ambos que lhe chamavam atenção nos idos dos anos 90.

“A liderança do Maldini, tempo de bola e a qualidade no desarme eram fantásticas. Um craque da posição. O André Cruz tive o prazer de vê-lo jogar no Inter, mesmo em final de carreira. Eu achava o máximo vê-lo atuar. Acabava meus treinos nas categorias de base e lá eu ia para o suplementar do Beira-Rio acompanhar. Era um cara muito técnico, de qualidade ímpar, técnica incrível. Embora um pouco mais lento, sabia o atalho do campo. Dava aula”, contou.

Extremamente focado, costumava ter um fácil entendimento dentre os mais variados sistemas táticos. Com passagens por países como Itália, Espanha, Bulgária, Azerbaijão, Emirados Árabes Unidos e Irã, adquiriu bagagem cultural ampla e visava sempre aprender mais, para seguir evoluindo na carreira. No lado pessoal, inclusive, dominava o inglês, espanhol e italiano, além de uma boa vivência no búlgaro.

“Muitos técnicos que trabalhei me falavam sobre minha percepção tática, porque gosto mesmo disto. Quero seguir estudando para um dia me tornar treinador também. Normalmente conversam comigo sobre sistemas, pedem sugestão para um padrão, até mesmo modificar algo durante os jogos. E eu tenho essa facilidade de me adaptar. Na Europa cheguei a atuar de lateral-esquerdo e volante. Isso me ajuda bastante”, afirmou.

Desde que se profissionalizou, atuou por quase dez temporadas fora do Brasil, inclusive por ter passaporte comunitário. Após a mais recente saída do país, regressou para defender as cores da Chapecoense, em Santa Catarina, com boa campanha no Campeonato Brasileiro e na Copa Sul-Americana.

Pai de família dedicado e extremamente atencioso com todos que convivia, Filipe Machado foi peça muito importante no desempenho histórico da Chapecoense na Copa Sul-Americana 2016. Esteve em campo nos dois confrontos contra o Independiente e bateu um dos pênaltis da decisão nas oitavas de final. Pronto para conquistar seu primeiro título internacional, ao invés de receber a medalha de campeão será coroado com uma auréola e estará guardando por todos nós. Descanse em paz, Filipe! 


Por Assessoria de Comunicação
02/12/2016